Raiz forte, bons frutos

Por Lyllian Braganca*

“Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o morro foi feito de samba, de samba pra gente sambar!”

E o samba é delas. O feminino e sua força no samba.

É sobre isso que queremos falar nesse mês de março.

Samba é raiz, precisa ser forte, alicerçado, para dar bons frutos. Mas quem é a raiz da Escola de Samba, do Carnaval? A mulher, as nossas mais velhas. Essas que muitas vezes não estão, e não estarão, nos holofotes. Aquelas que são mantenedoras das nossas estruturas, consequentemente, são elas que nos mantém de pé. E ano passado perdemos duas grandes raízes da nossa cultura popular.

Foram dessas mulheres o cuidado com as pessoas, com o ambiente, por isso cozinhar é importante, criar um reduto saudável para todos aqueles que frequentam. Muito embora, por conta do preconceito, até pouco tempo, a sociedade marginalizava o Carnaval. As nossas mais velhas, as mulheres do Carnaval, trabalhavam para mostrar o quão a escola de samba é um reduto familiar, inclusive muitas criaram suas famílias dentro desse ambiente, e vão, para além, deixar esses frutos para que assim siga de geração para geração.

Dentre essas mulheres estava a Dona Léli, ou tia Léli, que partiu deixando um legado na construção da Unidos do Peruche. Esteve ao lado de Seu Carlão, quando idealizaram a escola de samba. Foi chefe de ala, até 2013. Apaixonada pela escola, fazia questão de dizer aos mais novos da importância de enaltecer o pavilhão. 

Partiu também a Dona Penha, que foi chefe de ala por mais de quarenta anos: ” fez de tudo na escola “, como ela mesma gostava de dizer. Aos 92 anos, fazia parte do conselho, limpou, cozinhou, e principalmente, respeitou o pavilhão que tanto amou, e ensinou a amar. Dizia: “não deixo minha escola por nada, a não ser a hora que já foi”. Na escola desfilavam todos os seus, filhos e netos. A Vai-Vai foi a primeira escola que ela viu, desfilou, e amou.

Por isso essas mulheres são a raiz do Carnaval, não só pela contribuição despendida por tanto tempo, mas por ensinar a amar e respeitar o pavilhão. Deixaram frutos que se desenvolverão e se tornarão raiz. Assim, seguiremos mantendo o legado de Dona Léli e Dona Penha.

O que nos mantêm vivos são as nossas raízes, vamos preservá-las.

Salve nossas mais velhas!

Na imagem que ilustra este texto,  Dona Leli do Peruche e Dona Penha da  Vai – Vai.

* Lyllian Braganca é jornalista, sambista, fundadora do Coletivo Samba Quilomba e faz parte do team do Samba de Bamba UK. Instagram: @sambadebamba_uk Facebook / Samba de Bamba UK / Youtube: Samba de Bamba UK

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