Melhor desempenho de crianças portuguesas na escola passa pela integração dos pais

Imagem: Pixabay

Integrantes do grupo londrino Migrantes Unidos, que em novembro promoveram o seminário virtual  “Por que os alunos portugueses têm um desempenho tão baixo nas escolas de Lambeth?”, pretendem organizar um encontro físico dirigido principalmente aos pais, assim que a pandemia permitir.

Em informe publicado nesta segunda-feira (18/01), o grupo explica: “Sentimos que é essencial informar os pais e tentar obter o seu envolvimento na resolução do problema. Pensando nisso, decidimos organizar um evento físico em português, parte social, parte informativo, dirigido principalmente aos pais, assim que a pandemia o permitir. O evento também será usado para agradecer àqueles que trabalharam nas escolas durante a pandemia por seus esforços extraordinários”.

Apesar da urgência da questão, uma indicação do problema que a comunidade enfrenta é o facto de as escolas onde o desempenho das crianças portuguesas parece pior não terem sido representadas, apesar de todas terem sido convidadas. “Além disso, tanto quanto sabemos, não tivemos a participação de pais portugueses de alunos de Lambeth”, explica o informe.

Participaram do seminário, ocorrido em 29/11, a cônsul-geral de Portugal em Londres, Cristina Pucarinho; o presidente da câmara de Lambeth Jack Hopkins, do Labour Party; o professor Feyisa Demie, de Durham University; professores de escolas de Lambeth, representantes do council e da comunidade.

Ao final do seminário, a mensagem que ficou para os participantes foi que o baixo desempenho de crianças portuguesas nas escolas de Lambeth tem origem na pobreza, na falta de envolvimento ou de conhecimento acadêmico dos pais, na barreira linguística e na ausência de um currículo escolar mais adaptado à comunidade multicultural.

A apresentação do professor Demie, que é também pesquisador de educação do Lambeth Council, ajudou a audiência a entender as raízes do problema, ao apresentar informações do censo escolar de 2019. Um dos dados mais alarmantes é de que 89% das crianças portuguesas ou descendentes de portugueses matriculados em escolas do bairro londrino à época da pesquisa não eram fluentes em inglês.

“Mas uma vez que aprendem o idioma, as crianças portuguesas se saem melhor do que as de qualquer outra nacionalidade”, diz Feyisa Demie.

Outra lição que o encontro virtual deixou para os participantes é que os resultados e as avaliações sobre alunos portugueses em Lambeth podem ser aplicados a outras áreas e outras comunidades de não falantes de inglês.

“Será que esse é um problema só em Lambeth?”, questionou Francisco Calafate Faria, mediador do encontro. “Não podemos nos limitar à pergunta ‘de quem é a culpa?’ porque isso faz com as pessoas que devem agir (pais, professores, agentes da comunidade e os próprios estudantes) se sintam constrangidos.”

A gravação do seminário está disponível aqui:

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